Encontro cada detalhe no rio que percorre a tua cara, o teu rosto angelical. Da tua garganta rouca, de tanto gritar, saem palavras de perdão. A tua voz triste e cansada desespera por alguma palavra mais. Nenhuma me ocorre... deixo-te no impasse do momento e pergunto-me se me encontro mais uma vez num sonho obscuro que eclipsa o meu coração. Num gesto de fúria, que jamais experimentara, virei-te as costas. No entanto as tuas mãos lutavam para me manter ali, que no fundo era a minha verdadeira vontade... Na minha mente não encaixava a ideia de ficar sem ti mais uma vez, de deixar o sangue parar nas veias geladas e deixar-me consumir pela dor mais uma vez. E no rio vítreo e vermelho flutuei mais uma vez... os teus braços foram mais uma vez o barco que rema contra a maré.
Até que ponto podemos controlar o nosso destino, as nossas escolhas? Até que mar vai desaguar cada rio sem sofrer perdas pelo caminho? Já contornamos o destino uma vez e agora iremos fazê-lo mais uma vez? Acabas por cessar os cristais dos teus olhos e pedir que nunca me esquecesse que o nosso pacto e que este iria ser sempre um pacto de eternidade, mesmo que a vida nos levasse por caminhos perigosos. Desta vez a experiência iria falar mais alto, e não deixarias que te permitissem fugir da tua casa, do lugar certo do teu coração.
Sempre me ofereceste, sem pedir nada em troca, amor e amizade sem tempo cronometrado e eu nunca encontrarei gestos ou palavras suficientes para agradecer.
Calmamente a tua boca aproximou-se do meu pescoço e proferiu rouca e suavemente as melhores palavras que podem ser ouvidas:
"Amo te para sempre"